quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

A Apple de Springfield



Os Simpsons não perdoaram nem a Apple! Durante um episódio exibido da 20ª temporada, a “maçanzinha” mais famosa do mundo foi abordada metaforicamente através dos comentários irônicos dos personagens.

Dentro da loja, Homer se surpreende com a "Mycube" --em referência à loja em formato de cubo de vidro--, enquanto Lisa desiste de comprar fones de ouvido, que são vendidos por US$ 40 (R$ 94) no desenho animado.
"Não posso comprar nenhum desses produtos, mas posso comprar fones brancos falsos para que pensem que tenho um Mypod?", pergunta a filha de Homer.
Em outro momento, Bart imita a voz de Steve Mobbs -em referência ao fundador da Apple, Steve Jobs- zombando dos clientes da marca.
"Vocês pensam que são 'cool' porque compram um telefone de US$ 500 com uma imagem de uma fruta. Adivinhem o quê? Sua fabricação custa US$ 8 e mijo em cada um deles", diz Bart antes de ser perseguido pelos funcionários da loja.
” (Folha online)



Quando li essa reportagem no site da uol , tive a impressão que os personagens do seriado falavam a mesma lingua de Carlos Drummond de Andrade em seu poema Eu, etiqueta. Gosto tanto desse poema que até havia publicado anteriormente nesse blog, mas vale a pena ler um pedacinho dele aqui de novo.


"Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, permência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É duro andar na moda, ainda que a moda
Seja negar minha identidade,
Trocá-la por mil, açambarcando
Todas as marcas registradas,
Todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
Eu que antes era e me sabia
Tão diverso de outros, tão mim mesmo,
Ser pensante sentinte e solitário
Com outros seres diversos e conscientes
De sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio
Ora vulgar ora bizarro.
Em língua nacional ou em qualquer língua
(Qualquer principalmente.)
E nisto me comparo, tiro glória
De minha anulação."

Trecho de "Eu, Etiqueta" - Carlos Drummond de Andrade

Nenhum comentário: