sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O papel social dos veículos de comunicação

Ultimamente não ando muito a fim de assistir jornal. A gente liga a televisão e só o que se fala é o tal seqüestro da garota de Santo André-SP. Lembro-me do caso Isabella Nardoni. É incrível como este crime atraiu os olhos da sociedade através da mídia. Aliás não só atraiu e informou como manipulou também. Foi o caso da entrevista ao pai e à madrasta da menina transmitida pela Rede Globo, assim também como a da participação do avô paterno de Isabella no programa da Luciana Gimenez etc. Além de resultar num ibope astronômico, estes quadros também começaram a dividir opiniões na época. Este controle social por meio dos veículos de comunicação é inevitável. Existe uma credibilidade na mídia que é indiscutível, basta reparar num campo de futebol em dia de jogo, a pessoa fica ali com o radinho colado no ouvido para escutar a narração da partida, mesmo vendo tudo ali acontecendo ao vivo e a cores no gramado.

Quando assisti ao filme “Mera Coincidência” do diretor Barry Levinson, vi um exemplo claro de como os meios de comunicação têm o poder de exercer controle social que, no caso do filme, ocorre graças às idéias ousadas do relações públicas do governo norte-americano, interpretado por Robert de Niro. Mera Coincidência é uma comédia, mas deixa uma impressão que consiste segundo Fabio Bense, numa “crítica corrosiva o processo de manipulação da opinião pública pelas imagens exibidas pela televisão”. Vi este filme logo quando entrei na faculdade. Na época, senti um misto de admiração e desprezo pela mídia. Isso porque é inevitável não sentir nojo ao ver pessoas sendo manipuladas por aquilo que assistem na TV, mas ao mesmo tempo é impossível não ficar boquiaberta ao perceber a tamanha proporção de ações geradas a partir da comunicação. Mas entre essa relação de amor e ódio existe uma diferença latente: cultura e informação.

Assim como a TV, diversos veículos de comunicação vêm cumprindo a sua função social de informar e formar opinião. Com a emergência de novas mídias e canais de comunicação, as pessoas hoje opinam, indagam e criticam mais, a partir de novas percepções que elas obtêm após a leitura de determinadas mensagens. Hoje mesmo, estava lendo sobre a repercussão a respeito de um texto que um colunista da revista Trip publicou no site em setembro. O autor, Henrique Goldman, publica um texto citando a relação sexual que teve aos 14 anos com a empregada da família “contra a vontade dela”. Quero deixar bem claro que não li o texto tão polêmico que Goldman escreveu. Portanto, não quero deixar minhas impressões a respeito de algo cujo o conteúdo desconheço e que não desperta minha curiosidade nem um pouco, apesar de que está para nascer alguém que me convença que o ato de estuprar é diferente de ter relação sexual com alguém sem que este permita. Mas isso não vem ao caso. O que realmente me chamou atenção foi a manifestação dos leitores. Torno a dizer que não me importa o conteúdo, mas sim, a função social que os veículos de comunicação exercem para que as pessoas expressem sua opinião.

O site da revista foi bombardeado por mensagens de leitores indignados com tal publicação. A revista, por sua vez, demorou dias para se defender, mas publicou um esclarecimento de que se tratava de uma ficção. O bom disso tudo é que a sociedade não se cala mais diante de fatos como este, nem mesmo com o álibi da liberdade de expressão, e põe a “boca no trombone” usando o mesmo veículo utilizado por quem escreveu a mensagem.

Concordo plenamente com o Dr. Muniz Sodré, quando ele diz para a gente deixar a baixaria ser baixaria, o que é preciso mesmo é investir na EDUCAÇÃO, caso contrário o povo sempre calará a sua voz.


Bom final de semana!!!

Um comentário:

Andrea Guim disse...

Oi, Renata!
Adorei seu texto!! Concordo com tudinho que você fala, e mais, porque também sou formada em Comunicação (Publicidade). Estudei na faculdade o porquê dos programas jornalísticos estarem entre Novelas e programas de "amenidades", dá pra entender,né? É pro povo esquecer rápido das notícias!! E não pára por aí não! Mas, seriam 4 anos de estudos pra contar...
Beijos,
Andrea Guim